terça-feira, 5 de abril de 2011

Atraimos confusão. Beijos!

Sábado, despedida de umas coleguinhas espanholas, seguida de samba, buantxi free e eis que dá 4h da manhã e não se sabe o que fazer.

- Vamos ao Catacumbas - aquele bar tipo festa estranha com gente esquisita mas que tem uma música boa e só fecha às 6h!

Ouvi rumores de que esse bar financiava a causa nazi. Ai acho que muitos vão perguntar: sua louca, o que você foi fazer lá?!
Bem, conhecem o São Tomé [só acredito vendo!]? Sou eu.

Desta vez estavam cobrando 5 euros na entrada com direito a uma bebida branca ou 2 copos de cerva.

Estranhamos o porteiro... careca, mal humorado e com umas tattos comuns do meio nazi. Mas até aí tranquilo.

Vem a sucessão de delicadezas. Estou na fila, esperando o cara que tá na minha frente parar de conversa mole e resolver o problema dele. Ouço um carinha que trabalha no bar chamar o porteiro de Francisco e, na tentativa de ser simpática, falo:

- Francisco, depois você resolve isso... [nem terminei de falar e esecuto]
- Você não me conhece. Faz o favor de não me chamar pelo nome!

Engulo essa e fico esperando. Alguns minutos depois...

- São 5 euros, faz o favor!
- Eu sei e já estou com eles em minha mão faz séculos e você não me deixa entrar! [Tb sei ser grossa!! haha]
- Peço desculpas.

Todos entram e o porteiro "crica" justo com Negão [Tiago], que deu 5 euros, precisava dos 5 euros de troco e teve de ouvir que era necessário refazer os cálculos das entradas e não sei o que... enfim, seguraram Tiago na portaria.

Fizemos um paredão para ver o que estava acontecendo e o cara já começou a mandar sairmos da passagem do contrário ele não resolvia.
Tempos depois ele passa e empurra todo mundo e vai lá dentro do bar e volta com outro careca-forte-tatuado-mal encarado.

Do nada me vem uma esquisita que trabalhava na portaria me perguntar o que tava acontecendo. Expliquei que queríamos todos o dinheiro de volta e que iríamos embora.

- Mas por quê?
- Porque eu não vim para ser mal tratada, muito menos meus amigos.
- Olha, eu frequento esse bar desde os 13 anos e as coisas são assim.
- Problema o seu. Se você está acostumada a esse tipo de tratamento, parabéns. De onde eu venho não passo por isso não.
- Ah, confia em mim que a coisa vai dar certo. Fala que conhece a "fulaninha" [já não decoro nomes, imagina o de uma esquisita quando tô P. da vida!!] e eles não mexem contigo!
[PEGA A DOIDA!!]

Sei que confusão vai, confusão vem... liberaram o Tiago, apertaram-lhe a mão, pediram desculpas e todos entramos.

Sabe quando volto àquela porqueira? NEVER!

É cada uma que temos de passar...

sábado, 2 de abril de 2011

Polícia e outras coisas

Sei que fazia um século que não dava sinald e minha vida, mas cá estou eu! Desta vez quero falar de algo que vi ontem: polícia portuguesa.

Estávamos descendo do Bairro Alto para o Cais do Sodré para pegar aquele velho busu da "rede madrugada"* quando damos de cara com quatro homens se batendo no chão. Bem, na verdade, eram dois batendo em dois. Tentar explicar:

dois caras com uma arminha bem profissa para bater em bandido [não era tonfa nem cassetete] dando em dois carinhas "rochedamente".

Ficamos abismados, sobretudo eu, pois fiquei falando: "peraê, esses caras andam armados com isso na rua de madruga? Meninos, parem de brigar!"

Tiago e Samuel mandando nós, meninas, sairmos de junto e não nos metermos, além de dizer que achavam que eram policiais à paisana.

Dois segundos depois do comentário, vários, sério!, vários carros de polícia chegam com sirenes ligadas. Policiais fardados começam a bater nos carinhas que estavam no chão. Pessoas começaram a se juntar para ver. Camburões se aproximam e fecham a rua e aí vem a melhor parte: foi lapada para todo o lado. Do tipo, qualquer suspeito ou pessoa que meio que se metesse era alvo.

Sei que vi um carinha de vermelho apanhar de gaiato. Tiago segura meu braço e diz para descermos dali, rápido. Samuel tenta trazer as outras meninas. Falo a Tiago que se corressemos seria pior, já que pareceríamos estar com medo de algo - além de sermos negros e imigrantes.

Não vamos tapar o sol com a peneira: se no Brasil ser negro implica uma certa carga de preconceito, em país de primeiro mundo, como costumam dizer, a coisa não é diferente. Negros e brasileiros, realmente, não são muito bem vistos aqui em Portugal.

Saímos todos do meio da confusão, vendo policiais olhar desconfiados para o meio das pessoas que corriam assustadas, e o nosso comentário foi o da truculência e exagero: 2 policiais à paisana e armados, 3 viaturas, 2 camburões e muitos policiais correndo no meio da rua e batendo em suspeitos.

Juliana, brasileira e negra que mora aqui há cerca de 4 anos falou que em bairros sociais [favelas ou subúrbios] há muitos casos de policiais que batem e matam jovens. Fato que não é só em Recife que ocorre de policial mandar garotos pularem no Rio Capibaribe para ver se eles sabem nadar [causando a morte destes]. Tem covardia e excesso policial nos quatro cantos do mundo.

Coisas para se refletir.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Taxista sem noção!

De boa, quando eu digo que atraio cafuçu e sem noção, não importa o lugar do mundo, não achem que é brincadeira ou exagero! ¬¬
Sério!!

Pasmem com o queaconteceu no que, em Recife, chamaríamos de sexta de carnaval!

Saí de uma balada africana e como estou me recuperando de uma mazela que me deixou de cama, decidi pegar um taxi para não ficar tanto tempo esperando ônibus no frio!

Chego à avenida, paro o taxi cujo motorista parecia um sr. purtuga bem simpático e eis que começa a conversa [que a princípio parecia inoccente].

Ele me pergunta se sou brasileira, se estava sozinha na rua e pq, pergunta onde estão meus amigos. Afirmo que estavam em uma festa e que conheceram meninas e os deixei lá. O sem noção começa a por as unhas de fora e a perguntar se eles iam dormir com elas.

Questionou onde eu trabalhava, e quando afirmei que só estudava, ele veio perguntar onde e comentou que era bem caro. Não cansado, quis saber o valor do meu aluguel e endereço da faculdade!

Confesso começar a ficar com medo, mas o pior ainda estava por vir.

O FDP perguntou se eu já tinha comprado meu biquine. Falei que não, afinal, ainda faz um frio da gota serena. Ele faz cara de tarado e, soltando um risinho escroto, pergunta já não havia trazido do BR.

Quem me conhece sabe que já fechei a cara daí. Mas a pérola da madruga estava por chegar:

- A menina tem namorado?
- Tenho!
- Ele ficou no brasil?
- Sim!
- Quanto tempo de namoro?
- 4 anos [já irada!!!]
- Ahhh, quer dizer que já não é mais virgem, ne? Por que com 4 anos já deu para fazer muita coisa!

Puta da vida, peço para ele mudar de assunto, que minha vida não o interessava e que não estava à vontade com aquela conversa.

- Ah, mas isso é natural! Ou você acha que as portuguesas são santas? Aos 16 anos elasjá não são mais virgens não!

Desço na porta de casa e, esperando o troco, ainda tenho que ouvir o dito cujo soltar gracinha:

- Own, ela fica tão bonitinha com essa cara de emburrada!

[Ai que vontade de voar no pescoço dele].


Eu devo ter colado chiclete na cruz quando criança!

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Uma noite falida!

Gente, quando falo que Lisboa é um atraso em termos de balada, é porque tem algo aqui que não me faz empolgar de jeito nenhum.Seja por causa da máfia dos porteiros, que dão o preço de acordo com a sua simpatia ou a forma com que você está vestido ou por causa de situações como a que irei descrever abaixo. Sente o drama:

Despedida de um amigo que vai passar o carnaval [sofro muito!] no Brasil. Nome na lista de uma das baladas mais alto astral da cidade [Urban Beach].

Bem, como alguns coleguinhas que fiz em Madrid estavam aqui, os chamei, pus o nome deles na lista e fiquei de encontrar todo mundo de madruga para agitar o esqueleto. haha  Eis que começa o stress.

Chegamos à porta da Urban Beach, quando ainda não tinha uma fila infernal, demos o nome do meu amigo, dissemos que era a lista dele e o carinha da recepção todo cheio da simpatia [NOT] falou que não havia lista nenhuma naquele nome.

Ligamos para meu amigo e ele dá dois nomes em que podem estar a lista. Voltamos, dissemos o de Cicrano, que aparece na portaria e afirma com todo o abuso português que não costuma fazer lista.

Saimos com cara de cachorro molhado e decidimos esperar pelo meu amigo, afinal, ele não seria barrado na festa dele. 15 minutos em pé e por telefone o dono da festa fala que a lista está no nome de Fulano e que algumas pessoas já haviam entrado e tal.

Voltamos a uma das 30 filas formadas. Passamos 10 min para chegar ao carinha que atende e ele falar que aquilo não era a fila certa. Saímos e fomos à fila ao lado, que estava cheia de bifurcações e do nada começou a ter empurra empurra. UM HORROR!!

Decidemos abortar a missão e procurar um boteco qualquer para encher a cara. Fomos à Kapital e eu levo um singelo fora do segurança:

- Oi! Boa noite! Qual o valor da entrada hoje?
- [Cheio de simpatia] Depende!
- Depende de quê?
- Se você foi convidada ou não.

Depois dessa demostração de afeto partimos para o Cais Sodré, para terminar a noite no Jamaica ou algo do gênero.

Olhei para o relógio e já eram 02h40 [balada no Cais acaba às 04h e reabre às 06h - vai entender!]. Virei para Michelle, com que peguei carona enquanto os guris iam a pé, e vejo que ela também morgou geral.

Ligo para os meninos e fico de encontrá-los. Desço do carro e o ápice da noite acontece: levo um puta de um estouro [queda, baque] passada no salto alto. AUHUAUAHUAHA

Dei risada, claro, mas decidi abortar a missão por completo. É preciso saber abrir mão das coisas de vez em quando! É preciso, sobretudo, ouvir a vozinha que diz que não é um bom dia para sair de casa!

E tenho dito!

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Madrid!!

Voltei e só tenho uma coisa a dizer: quero morar em Madrid!

Gente, o que é a simpatia dos espanhóis e o carinho que eles têm por brasileiros? Tudo tão diferente de Portugal, em que as pessoas são mais fechadas e carrancudas e nutrem um certo preconceito por brasileiros em geral.

Teria muita coisa a falr da viagem, que foi simplesmente SENSACIONAL em termois de farra, amizades de um dia, turismo e família [como foi bom estar com meus pais!].

Vamos lá:

1. Nós brasileiros entendemos espanhol, quando falado devagar, perfeitamente. Os espanhóis não entendem português e poucos sabem inglês. Algumas vezes peguei-me gesticulando para pedir o que queria [ow sofrimento].

2. Em Madrid há tantos parques lindos, em que as pessoas vão fazer picnics, passear com cachorros, correr, praticar esportes.

3. O frio de lá é bem melhor que o de Lisboa. No primeiro o clima é seco e nem venta tanto; já no segundo é úmido e ventga bagarai [ou seja, a sensação térmica, ao menos para mim, é lá embaixo].

4. Os brasileiros são os mais queridos e divertidos EVER! Por que será? =P

5. Fiquei feliz por ter praticado litros de inglês e de ser elogiada por trocentas pessoas, sobretudo uma norte americana de DC, quanto à pronúncia e o good english!

6. Nunca pensei que um dia chegaria a considerar meu quartinho alugado e Lisboa como lar. Como senti falta de noites bem dormidas,minha cama, meu banheiro e meu lugar!

7. São tantos os artistas de rua. Fantástico! Mímicos, bandas de jazz, músicos diversos, treinadores de cães. ^^

8. Neste exato momento? Quero morar na Espanha! Alguém me arruma uma bolsa de estudos e indica boas universidades para fazer o doc?

Abaixo algumas fotos.


Brasil, México, USA

Mexico: Ely, the tekila Girl

Michelle

Companheira brasileira-lisboeta-madrileña de farras


Tudo tão imponente e charmoso

Mamis e Cabeça!

Tay, te amo!

o companheiro fiel!

Mais um belo lado do Parque do Retiro

Tenta fazer turismo com os pais RESSACADO desse jeito!

A continuação de uma casinha

É comum as laterais das construções serem pintadas. Trabalho MUITO bem feito


Portas de Alcalá

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Essa vida de estudante...

... ainda vai me fazer surtar!

Olhe, nunca achei tão tenso ter de dar conta de trabalhos e leituras e planos e mais planos.
Estudar temáticas de uma outra área é complicado e disso eu já sabia. O que eu não tinha o menor conhecimento era do tamanho da exigência na academia portuguesa!

UAU. Sério! Não é apenas no ICS (Instituto de Ciências Sociais) - onde estudo - na FLUL (Faculdade de Letras), onde uma amiga faz mestrado em Comunicação também está pesado.

Chegamos a um ponto de acordar abusadas falando que queremos férias, a um stress tão grande de ter crise de choros por besteiras [leia-se eu, drama queen]
.
Graças a Deus o período de exames está acabando. Graças a Deus eu saí adiantando tudo. Graças a Deus, se tudo der certo, segunda-feira [7] já não tenho mais ensaio nenhum para terminar.

Fato que não adiantei por ser a nerd mor. Para quem não sabe, meus pais estão chegando [imaginem o grito] e quero ser todinha deles durante os cinco dias em que eles estiverem comigo, enquanto estivermos conhecendo Madrid ou Lisboa [eu sou RYCA =P].

AAAAAAAAAI que empolgação: rever meus pais depois de quase 6 meses será um sonho. Se cada rosto amigo conhecido que vejo é um alívio, imagina o de familiares! haha

Leve, baby. Estou LEVE!

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Exotizar e ser exotizado

Tenho de conversar com mais brasileiros para saber se é apenas impressão minha ou se realmente rola um estranhamento dos portugueses perante nós. Bem, CLARO que eu sei que isso é natural e o diferente chama a atenção. Mas pensem comigo: o que não falta é estrangeiro neste país, brasileiro, então, nem se fala.

Estudar antropologia tem me ajudado a ver o mundo com outros olhos, ainda não tenha a certeza se constitui um treino às observações etnográficas, como se tudo isso aqui fosse uma pesquisa de campo [o que, de certa forma, não deixa de ser].

Vamos ao fato:

tenho conversado muito com Amanda, minha amiguinha brasileira e antropóloga e colega de sala-e-esclarecedora-oficial-da-pessoa-que-vos-fala-sobre-as-ciências-sociais acerca do modo como nos sentimos observados e analisados aqui, sobretudo, no contexto universidade/sala de aula.

Ok, trata-se de uma turma de antropólogos sedentos pelo exótico, mas que é estranho sentir-se nesse papel tão diretamente, isso é! Tento dizer que:

1) sim, é muito estranho se sentir colônia. Uma coisa é estudar na escolinha/faculdade que fomos colonizados pelos portugueses e tudo que está relacionado ao fato (que me revolta mais do que anima, para ser sincera) estando em nosso contexto, nosso país etc.; outra é estar em sala de aula portuguesa e ouvir falarem de Cabo Verde, Macau, Angola e Brasil como ex-colônia e locais exotizados, diferentes, sermos tratados (num contexto clássico e desatualizado, não empregado atualmente, da antropologia - e quero dizer que se trata apenas de uma exemplificação) como povos tribais ou simples e etc.

2) mais estranho ainda, e até achava que era mais uma de minhas nóias, é sentir que cada palavra que você profere ou cada gesto exagerado (falo de mim, um traveco enrustido!) ou piadinha infame é visto de modo minucioso, como se todo detalhe tivesse de ser analisado e avaliado para que o comportamento e relações sociais dos brasileiros possam ser sintetizados ou montados em um esquema mental. Exagero? Bem, pode até ser, mas não é uma impresssão apenas minha, como falei anteriormente.

Posso estar enganada, mas hoje percebi isso mais claramente [e gostaria de dividir com vocês] e afirmo ser uma pena não ter discutido isso com Amanda antes, o que me faria ver mais a fundo com olhos de investigador social.

Estávamos a ter uma aula sobre Simbolismo e Ritual e em determinado momento a aula foi interrompida porque houve dúvidas quanto ao significado de empatia, antipatia e apatia. Para mim é tudo muito claro, assim como para vocês brasileiros, certo? Costumo usar esses termos constantemente assim como ouço muitos amigos e parentes falarem.

Por um momento achei que fosse bobagem, até que a interrupção ocorreu em outro momento da aula e tomei a palavra para explicar o significado de cada um. Percebi que um colega, especificamente o que lançou a questão, ouviu-me com respeito, mas acredito que com certo incômodo.

Voltei a discutir o uso dos termos com uma colega que estava sentada próxima e que acabou por me confessar que tais palavras não são usados em contextos relacionais, digo, com pessoas.  
EX. Tenho antipatia por fulaninho ou eu e cicrano mantemos uma relação de empatia mútua, ou ainda, beltrano é apático para a vida.

Falei que agora entendia a razão para a discussão e que, ao contrário do que ocorre em Portugal, no Brasil usamos bastante nesse contexto e por isso para mim era tão óbvio o uso das palavras e seus significados; e que ocorria o contrário com os portugueses, que, como ela infrmou, não costumavam fazer uso dos vocábulos [não necessariamente com essas palavras].

Minha colega fez cara de brava [de brincadeira] e olhou-me falando algo parecido a "estás a falar mal de nós?". Brincadeira ou não, senti incômodo da parte dela e do outro coleguinha que citei anteriormente -  aquele que me olhou com respeito e incômodo. A sensação que tive é que, por ser o português língua materna deles e que nos foi "dada", eles teriam mais direito de saber do significado que eu.

Não sei se conseguem entender o que fato, mas ser exotizada all the time, ou quase todo o tempo, é meio estranho. Consola-me o fato de saber que cada dia ou cada contato é uma observação. Sim, estar aqui tem sido um ótimo exercício etnográfico.

Beijinhos, como diriam os portugueses! haha